Encontrei mais uma porção de papéis, recibos, guardanapos e seus devidos poemas seja frente, seja verso! Aos poucos, enquanto faço companhia aos meus em intermináveis internações em hospitais - quando não eu mesma às voltas com 1, 2, 3 COVID com vacinas e tudo, h3n2 e outras coisas de karmas apocalípticas... Aí vai um deles.
Diário da madruga
Zapeando na smartv, companheira dos insones
Surge um clip narrado pela voz alerta da apresentadora
Desfilam décadas de imagens tuas, informes
E o tempo passa a surfas em épocas tão tentadoras.
"Se tudo passa, quando você passa por aqui"
E com que velocidade os nossos tempos passaram
Nossos caminhos paralelos se tornando perpendiculares
As lembranças de quando éramos sobras de vestibulares
O choque de culturas tão diversas, tua e minha
A tua mania de implicar com a minha insistência em andar sempre sozinha
Teu apego em constraste com a minha independência
Teu anacronismo e minha mania de vanguarda
Hoje sobras e escombros. E um pós apocalipse de sonhos.
Haverá o além? Vamos poder reviver o que não tivemos também?
Talvez nunca passe de delírio do momento
Que antecede a busca pelo estado de adormecimento