segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Hoje não

Quero ficar aqui hoje
longe do que gosto
e dos gostos que escravizam
e minam a dignidade
quero ficar aqui
fora do ar
sem ouvir
sem ver
ser sabor
sem nada
com tudo
não venha hoje
não volte amanhã
a tudo se acostuma
e existe tanta coisa
para ocupar seu espaço
que não fere
olhos, ouvidos
e sobretudo
alma.

A Humberto e Wander


Doces melodias
Tornando agridoce
Acompanhando
As vezes noite
Canções de guerra
As vezes sol
Quem sabe chuva
voz da terra
Tuas palavras
Respostas
Questões
Sorriso
Molhado
Sonho
Acabado

domingo, 27 de fevereiro de 2011

conhecendo outra vez



Idéias mil
Surgem no teu copo
Como se o porre
Contaminasse a humanidade
E todos obedientes
Seguissem a sugestão etílica
E tudo mudasse
E ficasse alegre
Como um bêbado
Chato e  fedido
Rindo na rua
Mas na realidade
A primeira impressão
É definitiva
E a voz do povo
É a voz do seu Deus
interior

Boneca


Encolhida no chão
Notebook no colo
Garrafa de refri pela metade
Elástico de telefone colorido
De mil cores em volta do pulso
Cabelo lindo
Ainda não esticado
E frito
Pele rosada
Olhos brilhantes
Salgadinhos esfarelados no chão
Um telefone tocando música
Tv ligada
Bichos de pelúcia
Roupas de adulto
Mas fluorescentes
Um mundo barulhento
Uma espécie de autismo
Para encobrir o som
Da voz do seu coração

Artífice



Elogios
Citações
Atividades
Divulgações
Recados
Convites
Participações especiais
Menções honrosas
Tudo isso
Alimentando
Sua vaidade horrorosa

elisa


O narizinho apontando
O coração amoroso
Materno
Em seu doce respirar
O calor do berço
Humilde
Como o do filho de Deus
Cercada  de carinho
E amor verdadeiro
Suave
Caixinha de música.

O Saltimbanco


O saltimbanco

Ele continua na estrada
A mochila nova
Cheia de coisas antigas
O violão
Papéis
Artigos pra vender
Telefone
Pouca roupa
Pouca coisa
Muita música
Muito palco
Cada dia
diferente
Mente cheia
Vista cansada
Passa irreconhecido
Pela garotada
E sua bagagem
Nunca foi tão pesada

Desenhista


Tanta vida e alegria
Receberam de tuas mãos
O bom humor cotidiano
Encobrindo lições
Riscos, círculos
Branco e preto
Preto no branco
Espalhando idéias
Encorajando iniciativas
Enfeitando vidas

para Laerçon J. Santos

areia


Olhos gulosos
Disparam raios
Contra a mulher na praia
Que abre o guarda sol
Boca grande
Dispara impropérios
Contra a sacola
Da mulher na esteira
Tom de deboche
Que dá pena
Contra a garota
Cuja beleza desabrocha
Ridicularizando
E sendo aturada
Contra o garoto
Atlético e atual
Revolta
Contra os  do quiosque
Servindo refrescos
Amargor
Contra quem trabalha
Estuda e rala
E conquista férias
E o mar levando
Seus castelos.

portão de ferro


Grades corroídas
Cobertas de plantas
Jardins cheio de mato
Com beijos de mil cores ainda teimando
Calçada encoberta
Cobras, lagartos
Aranhas, escorpiões
Hoje habitam a casa
Posta abaixo pelo seu gigolo
Inimigo da madeira
Um retrato da tua vida
Caído ao lado da torneira
Coberto de grama

lírios do campo


Tanto artifício
E os dentes parecem de plástico
Bronzeado de tinta ocre
O oxigenado deixa o cabelo grisalho
A lipoaspiração deixa desproporcional
O silicone pra fora das blusas
Homens depilados
Rosto botocado
Quando alguém é natural
Se torna um ET
Contratando com os humanos.

Pablito


Era um garoto
De cabelos grisalhos
Cheios de tinta
De rosto alegre
Cheio de rugas
De sorriso largo
Cheio de marcas de expressão
Sempre lendo comigo
Discutindo sem brigar
Ia e vinha
Como um cão sem dono
Cheio de dignidade
Nunca aceitando migalhas
As vezes vendendo quadros
As vezes comprando livros
Banho de cachoeira
Uma mulher e lareira
Uma casa no meio do mato
E nunca mais se viu Pablo

Sabor


O café quente
Seus beijos
A água morna
E o sabonete de flores
Substituem na pele
Suas carícias
seus beijos
não os apagam
a tela esperando letras
imagens
e na mente
um amontoado de lençois
e cobertores

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Absolvição

mandando recados
forjando belas frases
ouvindo desculpas
conivências
de convivência
sua alma está leve
seu coração tranquilo
sua aura escura
e seus obsessores
na esquina
não lamente


03/2007

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Viagem de volta

Ia feliz na estrada
olhando o amanhecer no Rio Grande
que parecia um mar imenso
pensando já na volta
cheia de saudade
ansiosa pelo momento
de viajar de novo
desta vez para teus braços
mal cheguei, já fui embora
levando o por de sol lilás
memórias do Quintana
e mal cheguei tive a notícia
de que não me querias a viajar
e chorei mais águas que o Guaíba.

Te encontrei

Te encontrei
na poeira da sola do tênis
num papel de bala amassado na bolsa
num risco na lataria
num espelho quebrado
na casa vazia

Palavras de vocês

Arbitrariedade
Complexo de superioridade
Abuso de autoridade
Arrogância
Excesso de ignorância
Tudo isso vocês confundem
Com elegância
A vida, porém
Vocês não podem manipular
E a sua colheita
Feliz, não perde por esperar.

Rasgos

Belas letras são um equívoco
Um embuste
Aderi ao rabisco
Rompante
Garrancho
Guardanapo de pastelaria
Extrato, recibo, cupom
Ali fica o sentimento
O grito, a voz rouca, o riso
O choro, a dor, o ódio
A lembrança,
Escrita em batom ininteligível
Que jamais digitada, amarela.
Desaparecem no nada
Amores, amigos, bichos
Flores,folhas,  pássaros e borboletas.

Ponte

Do outro lado sorrisos
Rostos alegres, em bandos, cores
A imagem ressoa
Sol, luz, movimento
Ideais, atitudes, palavras
Tudo parece tão real
Deste lado se vê
O que há dentro da imagem
Vazio, ilusão, fragilidade
A busca insana do reconhecimento
Frustração, mágoa
E deste lado não lamento
O abismo que há no meio

Poeta da lua

Somos poetas da lua
que nos encontra na rua
e a deixa todo iluminada
poetas de calçada
letras soltas, nosso tudo
para os tolos, um nada.

Penso

Lembro do domingo em que nunca apareci
Pra fazer um sonzinho, comer uma coisinha,
Enfim, conviver, se conhecer.
Lembro da costela que eu não comi,
Das batatinhas,
Da cerveja que eu não bebo,
Das minhas garrafas de água...
Das mensagens que não mandei,
Dos recados que eu não recebi,
Vejo aquelas fotos
Que a gente nunca tirou junto.
Lembro do beijo,
Do carinho,
Do barulho,
Onde estavam as pessoas
Sozinhos na multidão.
Tua janela fechada,
A luz que se apagou pela última vez,
Do final que nunca terminou.
Então engato a primeira, segunda, terceira,
A vida passa tão devagar.
E eu não lembro do que aconteceu de verdade.

Onde moro

Casa daqui?
Ou casa de lá?
Casa provisória
casa definitiva
casa ilusória
casa amiga
casa, lar, moradia
nosso lugar...
Seria?

Névoa

Sombra que vaga invisível
Imperceptível, esquecida, apagada
Toda luz está de fora
Frio sopra e faz tremular
Por entre os vivos iludidos
No seu sonho que dura como
Bolha de sabão
No segundo que vislumbra
A cor, o barulho, movimento
Pensa viver
E no segundo seguinte
Lembra-se que já não forma.

Não há amanhã

O que houve foram suas palavras
O enganador encanto da beleza
O brilho traiçoeiro de seus olhos
Sua alma de serpente
Seu corpo de réptil
Liso, macio e dourado
Nem houve um ontem
Ilusão da toxina
Portanto nem hoje
Tempo nenhum
E no entanto
Há cicatrizes

Mudinhas

Canteiro cultivado
semeado
deu mudas
mas as mudinhas
mudaram
e sem deixar endereço
foram florir
outro jardim.
Canteiro cultivado
semeado
deu mudas
mas as mudinhas
mudaram
e sem deixar endereço
foram florir
outro jardim.

Mensagem


Tanto clichê
copia
cola
decora
encurta
posta
se engana
quem quer
e sofre
quem gosta.

Marcas

Primeiro a cigarra quebra o marasmo
Então surge a luz, em caracóis e volutas
O céu se abre em estrelas
E pálpebras se dobram ante o espetáculo
A música destoa da cena, raios X, Y , Z
Voltam as borboletas, pássaros e flores
Mas é só um instante
E as nuvens de algodão amarelado
Encobrem o infinito
Tudo volta e tudo passa
Mas fica a fagulha

Liquidação

Bate a porta
Fecha a conta
Passa a régua
Lucros e perdas
correção e desengano
Não mais cão de guarda
Nem espera no acostamento
Nem coisas amontoadas
Nem chamadas ignoradas.
Tudo devidamente excluído,
 Revisto e deletado.
Uma página virada,
Uma vida descartada,
Uma voz ignorada e
Uma tecla acionada.

Ledo Engano

Teu ‘’amor’’ encantou
Bolha de sabão
Voou
E foi parar em outra mão!
Tudo por causa
De melão!


Obs.: pensei em chamar este de síndrome de sheilahursh

Pois é!

Assim começava uma canção
E assim a ciranda dos José
Um trabalhava no escritório do pai
Outro ajudava  na construção
Nesta dança não teve Juliana
Mas teve coração
Olha a faca! Olha o golpe!
E assim José 1 fugiu
José 2 virou crente
Os companheiros de antes
Agora eram excesso de contingentes
José 1 era sociável
Fingia para manter aparências
José 2, escrachado
Na covardia da demência
E assim
Depois que fugiram de mim
 um dia encontrei
Primeiro Jose 1 de terno e gravata
E, de imitação de Havaianas
José 2
Pena ter sido tanto tempo depois.



Já hoje

Nada como  o novo!
Luz da manhã
fruta amadurecendo
frescor de orvalho
erva daninha
por entre pedra
mostrando verde
a força da terra.

Entrega

Hoje recebo
Esta alma transbordante
Belos sentimentos
Repleto de emoção
Onde lágrima e sorriso
Navegam na ilusão

Depois

Eu também deixei
Eu li sim
Eu vi
Obrigado
Também acho
É, tem razão
Recebi sim
Mandei sim
Você é que não viu
Procura a resposta
Mas mando de novo
A conexão caiu
Não entrou no ar
Só teclo com você
E com tanta atenção
E sim negativo
Resolvi imitar              
Tuas regras do jogo
Mandando nossas lembranças
Vestir a camisa 15

Dadididu

Dia cinzento
E subitamente
Faróis azuis sorriam
Pêssego ainda não degustado
Proibido
Apenas e tão somente
Roçado com os lábios
Qual será o sabor...
E uma fileira de pérolas
Madrepérolas e marfins
Imersas em cereja ao licor
Me enchem a boca d’água
enchem os olhos
e os ouvidos
esta sempre ali
é só ir
mas a coragem....

Custo

Vejo seu sorriso forçado
Uma boca fingida
Dois olhos em outra direção
Uma máscara
As mãos que estão viradas
Em frente
Os pés prontos a caminhar
Aceno um cumprimento
Que apesar de parecer alô
É adeus
Procuro uma mesa
E mexendo um capuccino que nunca esfria
Olho os desenhos do chantilly
Se desfazendo no escuro
minhas ilusões
E enquanto guardo o cartão magnético
Penso no quanto vale
Ainda lembrar você.

Ciclos

Hoje alguém sofre
Enquanto outro
Se diverte
Um vida é arrasada
Enquanto outra
Começa
“Um chora
Enquanto outro
Ri”
Um passa a noite só
E outro rodeado
De alguéns
Amanhã
Tudo gira
E troca

Caixa vazia

vozes e risos
festa, agito
tudo você vê
enchendo seu tédio
enfeitando tua angústia
lhe tirando gargalhadas
e luz nos teus olhos
até um descanso
da máquina de pensar
mas basta um toque do botão
tudo volta ao vazio
do desrespeito e do desprezo
e a festa desaparece
era so a televisão!

B F F

Best Friends Forever
O para sempre não funciona em português
No Brasil dos webcelebrities tá pra nascer
Palavras, sejam ditas, demonstradas
Mentiras digitadas
menos ainda com vocês
Que vendem a mãe para aparecer
Estar no youtube mentindo a valer
Acessando tres mil vezes todo dia
A cada instante uma agonia
Porque nos vídeos mais incríveis
Não consegue figurar
Num concurso de filmes investir
E pedir a todos para reclamar
Fazer de tudo para punir
Quem não vai te elogiar
Best fool forever
Best American Idiot
Best silly person
Estes são seus awards
Venham buscar a sua fita dourada
Os louros de plástico da tua fama
E a tua medalha de 1,99.

Arranhão

A flor que te dei
murchou
a que me destes
tinha espinhos
feriu
e nos deixou
sozinhos

Adagio Andante interrompido

Como um livro antigo
Nunca terminado
Revisto
Revisitado
Que a releitura recomecará
Ansiedade
Palpitação
Suspense
Coração

Aqui postarei poemas

Que ficam por aí em concursos literários, em sites de ''amigos'', só letras, sem mandrakes visuais e fotos de pessoas que não conheço de fundo.

Para quem sabe ler, um risco é letra!

frase que não sei de quem é, mas que é verdadeira.

Retribuição

Espalhando abraços
distribuindo carinhos
enviando alegria
estendendo a mão
plantamos
e quando, braços abertos
alma e coração
mãos estendidas
colhemos
desditas.